Amamentação e Meditação

A amamentação pra mim não foi de cara algo fácil.

Problemas com a pega, puerpério intenso, a recuperação pela cesariana não planejada e indesejada, baby blues forte correndo na veia. Mesmo assim minha meta era e sempre foi amamentar meu filhote em livre demanda.

E lá estava eu amamentando um lindo bezerrinho a todo instante, incessantemente. Recebi muito apoio e carinho no pós-parto, em especial do meu marido, da minha mãe e da equipe de parto humanizado que estava nos acompanhando.

E numa das visitas da equipe a querida doula Amanda viu que eu amamentava e dava aquela olhadinha no celular (relógio) e então ela me perguntou: Porque estás olhando as horas?

Eu respondo que gosto de ver de quanto em quanto tempo ele mama e saber a duração das mamadas  (isso meu filho deveria ter nem um mês de vida), e aí ela me explica que livre demanda é livre mesmo, sem relógio, sem preocupações, onde é o bebê que demanda a alimentação que deseja e necessita naquele momento, e que ele é a melhor pessoa pra saber se está satisfeito, se mamou bem e bastante, e que assim a amamentação iria se estabelecendo naturalmente.

Com isso senti um chacoalhão e percebi que realmente eu não estava fazendo a livre demanda que tanto sonhei e que tanto acho benéfica. E senti que eu não estava me entregando como eu gostaria, que eu não estava relaxando, que com esse controle nos horários eu ficava tensa e isso não estava ajudando em nada para o sucesso da amamentação.

E foi então que desliguei meu celular (desliguei mesmo) e comecei a conseguir relaxar mais nas mamadas.

Foi aí que eu resolvi me desligar de tudo e de todos e me conectar com o meu bem mais sagrado, o meu filho.

Aquele era o nosso momento, aquela fase da vida dele (e minha) era única e preciosa.

 

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Fomos pro sítio, Joaquim estava prestes a completar dois meses, e por lá ficamos durante o verão.

Lá fiquei bem à vontade como realmente desejava (a própria roupa e sutiãs de amamentação me incomodavam e como era verão passava os dias de top e biquíni), eu queria me entregar pro momento, me doar, e foi nesse período que consegui me conectar inteiramente com meu filho, foquei nele, na amamentação, nas sonecas agarradinhos, nas suas demandas e necessidades e nos sinais que ele me enviava.

Comecei a reconhecer seu chorinho, seus sons, sua satisfação, seu sorriso, suas expressões, foi um período lindo e de muito aprendizado, e um mergulho e tanto na minha própria identidade.

E foi assim que senti na pele que a amamentação pode sim ser um grande momento de meditação.

E que uma coisa tem tudo a ver com a outra.

Já tinha lido sobre isso num livro do Deepak Chopra, o Origens Mágicas Vidas Encantadas (que amorosamente ganhei do maridão no meu primeiro dias das mães quando o Joaquim ainda estava na barriga).

Sempre gostei e busquei a meditação pra minha vida, mesmo não achando fácil dedicar 15 ou 30 minutos do meu dia pra isso, e quando conseguia sentia o quanto ela me beneficiava e me fazia bem.

Durante a gestação consegui praticar um pouco de yoga e meditação, mas quando meu filho nasceu isso era algo longe de ser realidade, pois bebês demandam muita energia e cuidados o tempo todo, e foi na amamentação que encontrei um momento de meditação. Não é algo que acontece sempre ou em todas as mamadas, mas quando acontece é lindo, forte, intenso e muito gratificante.

 

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Roberta

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